De início quero explicar o que é Cânon para quem não sabe, Cânon é o conjunto de livros sagrados que foi sendo escolhido dentre muitos por possuírem inspiração divina, formando a bíblia que possuímos.
Colocarei os assuntos em três tópicos, um falando do Cânon do Antigo Testamento, outro do Novo Testamento e por último falando do por que outros livros como os apócrifos e alguns evangelhos não conhecidos foram posto para fora.
Como surgiu o Cânon antes de Cristo (Antigo Testamento):
Cristo Jesus mesmo testificou sobre o Antigo Testamento como o temos agora, por isto a Igreja tende a aceitá-lo mesmo após a obra da cruz. Pois bem, assim podemos dizer que de Gênesis à Malaquias é a palavra de Deus.
Este cânon é composto da seguinte forma, A Torah (Pentateuco), Livros proféticos, Salmos, poéticos e históricos (esta é uma definição resumida). Crê-se que levou 1.600 anos para ser terminado.
Foi escrito em hebraico em sua maioria, mas há também aramaico nele. Após o cativeiro babilônico, muitos judeus se encontravam fora de sua terra e não tinham mais contato com o hebraico, então um grupo de 70 escribas traduziram para o grego (tipo um inglês da época) para ajudar estes judeus que não falavam mais o hebraico e foi utilizado também para propagação da religião judaica no intuito de fazer prosélitos.
Os escritos originais não existem mais, o que recebemos são de compilações que os reis mandavam fazer (Deuteronômio 17:19). Até a Esdras e Neemias não havia divisões no Tanach (Neemias 8:3). Quando o Estado judeu se reorganizou, houve uma revisão final e um trabalho de organização das escrituras feitas por Esdras e à Grande Sinagoga.
O último livro escrito foi feito em mais ou menos 400 anos antes de Cristo.
Como surgiu o Cânon depois de Cristo (Novo Testamento):
Não há declaração no NT de que o antigo cânon havia de ser substituído por outra coleção de livros. O AT enquanto se desenvolvia, fazia menção dos livros que o compunham, mas com o NT isso não acontece. Lemos acerca da “palavra da verdade” (Efésios 1:13), da verdade em Jesus (Efésios 4:21) e de “um novo concerto” (Hebreus 8:8).
Embora os termos que os escritores do NT usuram para descrever a própria mensagem não se refiram expressamente a uma nova Bíblia, todavia eles lançam o fundamento para isso no tempo oportuno. Os escritos dos apóstolos foram considerados nas congregações que os receberam como tendo autoridade igual à dos antigos oráculos de Deus. O apóstolo Pedro considerava os escritos de Paulo parte das Escrituras (2 Pedro 3:16).
O Novo Testamento é a ampliação e a continuação do Antigo, já que um novo concerto requer novas e complementares Escrituras. Há uma continuidade perfeita na história da verdade revelada. Se houvesse mudança da antiga dispensação para a nova, o Salvador a teria mencionado. Assim como a coleção de livros do AT foi aumentando gradualmente até chegar a um número definitivo, os do NT circularam pelas igrejas como padrão de fé muito antes de o Espírito guiar a igreja a colocar sobre eles o selo da canonização.
A história do cânon: foi tarefa dos mestres judeus decidir quais os livros definitivos das Escrituras hebraicas, o que fizeram por consenso unânime. O Evangelho estava espalhado pelo mundo, e cada igreja zelava pelas guarda de seus livros sagrados, enquanto cada província evangélica possuía a sua porção especial das Escrituras. Havia também inúmeras heresias em circulação.
Eis os critérios de escolha para a formação do NT, já que existiam muitos livros que eram heresias, inclusive evangelhos:
Foi muito simples! O principal critério era a origem ou autoridade apostólica dos livros que circulavam entre as congregações cristãs, sendo esse o penhor de sua inspiração. Em caso de dúvida residual, a regra de fé era invocada e o testemunho da Igreja que o possuía.
Era crença firme dos cristãos primitivos que a autoridade para dirigir a Igreja, tanto verbalmente quanto por escrito, fora concedida pelo Senhor UNICAMENTE aos apóstolos (por isto não existem mais apóstolos, o último foi João). Tudo que exigiam dos escritos sagrados eram as “credenciais do apostolado” (2 Coríntios 12:12) – por autoria ou autorização. Assim, os escritos de Lucas e Marcos nunca foram colocados em dúvida, pois eram reconhecidos como escritos sob a direção de Pedro e de Paulo.
Até o fim do século II (ano 100 – 200), já eram reconhecidos como fazendo parte das Escrituras, complementando o Antigo Testamento os: quatro Evangelhos, Atos, as treze epístolas de Paulo, 1 Pedro e 1 João.
Os outro sete não foram reconhecidos imediatamente, porque alguns não traziam o nome do autor (como já dito, era o principal critério) como foi o caso de Hebreus e outros porque estavam circulando pelas Igrejas.
Porém antes de Roma (o império pagão) se impor como uma liderança, as Igrejas em um concílio definiram que estes outros sete (Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas, Hebreus e Apocalipse) possuíam os critérios para fazer parte do Canon no ano 393. Constantino tinha se “convertido”, porém Roma não era a liderança espiritual, ou seja, não foi escolhido por pessoas que não tinham o Espírito Santo.
As Escrituras como regra de Fé, por isto uma escolha minuciosa
Tal cânon (a bíblia inteira – 66 livros) foi tido como a palavra de Deus, isto é, o que estiver fora dela ou além dela deve ser posto de lado e não considerar. Após a morte do último apóstolo as escrituras foram seladas, não comportando qualquer acréscimo, quer por letra ou verbal. Ela deve ser a direção de fé para todo crente (Mateus 26:54).
Por isto foi tão criteriosa a escolha. Muitos outros ditos evangelhos e livros foram feitos, só que não se encaixaram nos critérios que foram postos, pois mesmo dizendo que era evangelho de Tomé ou Pedro por exemplo, nada foi comprovado como sendo deles, ainda mais pelo estilo que não tinha nada haver (Eu li o evangelho de Pedro e qualquer um sabe que é uma heresia). Além de serem datados do ano 150 dc para frente, ou seja, todos os apóstolos já tinham morrido, quebrando o principal critério.
Os livros apócrifos
Isto foi uma inclusão da igreja católica no ano de 1546 pela perda de muitos fiéis pela reforma protestante, pois os católicos tinham que inventar alguma coisa para amedrontar seus fies, pois os protestantes só aceitavam e aceitam os 66 livros.
Ela incluiu em sua bíblia: Tobias, Judite, sabedoria, Eclesiástico, Baruc e acréscimos aos livros de Ester e Daniel.
Pontos de objeções quanto sua não aceitação por nossa parte (por que os evangélicos não aceitam estes livros):
Primeiro: Até esta época, os principais teólogos católicos os rejeitavam;
Segundo: os judeus, a quem “as palavras de deus” foram confiadas (Romanos 3:2), NUNCA aceitaram os apócrifos (só para constar, são livros antes de Cristo);
Terceiro: não são citados por Jesus nem pelos apóstolos e são repudiados até por escritores judeus, como Filo e Flávio Josefo;
Quarto: a própria bíblia de Jerusalém (uma bíblia feita por católicos) diz que estes livros não possuem inspiração divina;
Quinto: contradizem a história. Baruc por exemplo diz que o autor estava na Babilônia, mas Jeremias diz que ele e o profeta estavam no Egito (Jeremias 43:6-7);
Sexto: são contraditórios entre si! Macabeus dá três versões para a morte de Antíoco (1 Macabeus 6:4-16; 2 Macabeus 1:13-16 e 9:28). O livro Sabedoria que dizem ser escrito por Salomão, cita uma passagem de Isaías, que viveu 250 anos depois dele.
Sétimo: muitas coisas são contrárias as doutrinas e preceitos das Escrituras. O suicídio é louvado (2 Macabeus 14:41-46), e encantos e adivinhações são aprovados em diversos lugares.
Termino então dizendo que, com este estudo, creio ter sanado qualquer dúvida que muitos têm falado contra a autenticidade palavra de Deus.
Qualquer um que falar outra coisa, além disto, pesquisou errado ou está inventando coisas. Este artigo foi pesquisado em diversos livros de Teologia, arqueologia, história, até mesmo no Wikipédia há coisas coerentes, além daquilo que está como fonte na própria palavra.
Que Deus vos abençoe, e siga fiel ao que está escrito na palavra de Deus!
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