Contrariando
uma teologia velha que está querendo voltar à tona, o calvinismo, mais precisamente
o hiper-calvinismo, que crê que Deus é quem determina a perdição ou salvação do
individuo sem explicação alguma, pois a salvação é um mistério da fé, sendo que
Deus enviou Jesus para morrer somente pelos “eleitos” e não por todo o mundo,
escrevo este artigo para por a luz da palavra, a sua própria interpretação.
Não creio
em interpretações pessoais da bíblia, mas sempre cri que ela mesma tem que nos
dá a interpretação de pontos aparentemente conflitantes. Não gosto de me
rotular como arminiano ou um calvinista moderado, pois em ambos os modelos
doutrinários, há certas coisas que vão além ou ficam aquém de algo que
vislumbro nas escrituras.
Pois
bem, dito isto, vamos a questão! A final, é Deus quem determina (e predestina)
a seu bem querer que está salvo e quem está perdido?
Se a
resposta for sim, meu amigo, então pra quê vamos pregar o evangelho!? Outro
ponto, se não há possibilidade de salvação para muitos porque Deus determinou
isso e quis salvar outros sem explicar o motivo, tudo baseado unicamente no “mistério”
da fé, então Deus não pode nos cobrar para não fazermos acepção de pessoas, bem
como não poderia dizer que devermos amar nossos inimigos e nem querer-lhes o
mau.
Outra
coisa, se isso é a base de uma fé, então Deus é o criador do mal, pois foi Ele
também que determinou que satanás viesse a pecar.
Facilmente,
tais argumentos são colocados contra a parede, entram em colisão com a
verdadeira natureza de Deus.
Um
ponto que quero levantar e que mesmo o homem estando em pecados, morto para
Deus, isso não quer dizer que ele não tenha entendimento do que é certo e
errado, afinal, Adão quando comeu do fruto que Deus lhe proibira, tornou-se um
conhecedor do bem e do mal.
A TULIP,
nos pontos de eleição incondicional, expiação limitada e graça irresistível,
destoam daquilo que a bíblia claramente diz, vejamos:
Primeiro
ponto é refutado em várias partes, mais vou citar os escritos de Romanos 8:29 e 1 Pedro 1:2, que mostram
claramente que a predestinação está baseada no conhecimento prévio de Deus
quanto nossas ações. Isso mostra o quão soberano é Deus, que nos deu a escolha
após o recebimento do evangelho.
O Espírito
Santo nos convence do pecado e da justiça, mas em momento algum vejo ele nos
obrigado a aceitar a mudança de vida. Tudo está baseado no ouvir a palavra, ter
a consciência do estado em que está, mas o arrependimento é algo pessoal, o que
gera a mudança de vida.
Segundo
ponto é refutado em diversos textos, mas vou citar João 3:16, 1 Timóteo 2:4 e 2 Pedro 3:9. Ora, a natureza bondosa de
Deus quer que todos os homens sejam salvos, por isso Cristo veia ao mundo. Todo
aquele que invocar ao Senhor será salvo. Até antes de Cristo vemos essa
natureza de Deus (Ezequiel 18:23-32),
o desejo do Senhor é que todos venham a aceita-lo.
Muitos
dizem que aquilo que Deus deseja não pode ser frustrado. Até certo ponto e com
determinado contexto concordo, no entanto vemos que essa crença, em si tratando
de conversão e aceitação da palavra de Deus, é claramente destoada com a palavra,
como nos textos que nos dão estes exemplos (João 1:11 e Lucas 13:34). Poderia citar mais, mas não quero
alongar.
Terceiro
ponto, é o da graça irresistível, ou seja, aquele que Deus escolheu, sem razão
alguma, não pode resistir a graça.
No entanto,
biblicamente falando, tal alegação é refutada. Em Hebreus 10:26-39 vemos claramente o escritor citar alguém que mesmo
recebendo a graça, a resiste, e pior, retrocedem. Ora, se há retrocesso, é
porque houve algum avançar em Deus.
Outra
coisa, vemos sempre que muitos vão se apostatar da fé, ora, não há como alguém
se apostatar (afastar-se), se nunca esteve inserido.
Acho
interessante o texto em Romanos 11:19-32,
que concluiu todo o pensamento de Paulo desde o capítulo 2, ou seja, tudo
ocorreu por causa da incredulidade dos judeus, não porque Deus determinou que
assim fosse (incrédulos), mas endureceu os corações deles porque deram o
motivo. No entanto, até mesmo os gentios, caso não continuem na graça que
receberam, podem sofrer o mesmo corte que os judeus sofreram.
Diante
disto, podemos concluir que Deus quando salva alguém ou deixa alguém condenado,
não nos deixa num mistério da fé, mas somos eleitos com base naquilo que ele
encontrou em nossa fé.
A própria
palavra “eleição”, muito usada por calvinistas extremistas, denota uma escolha
com base em algum elemento, que no caso, é a fé.
Por fim,
de maneira alguma isso anula a cruz de Cristo, pois a salvação mesmo tendo essa
conotação que mostrei, ainda sim, somos salvamos mediante fé em Cristo, e não
em nós, pois mesmo crendo, continuamos pecadores (Romanos 7:14-25) e carecedores da graça de Deus, por isso é tão
importante a formação de Cristo em nós, para permanecermos na fé.
Poderia
discorrer mais, e até queria isso, mas sei que um texto muito grande com um
assunto tão importante, seria li por poucos.
Que o
Deus que nos ama, que quer a salvação de todos, que é justo e que com relação a
salvação não deixou mistérios, vos abençoe.
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