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"Bem aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na Lei do Senhor. Bem aventurados os que guardam suas prescrições e o buscam de todo o coração; não praticam iniquidade e andam nos seus caminhos. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos." Salmos 119:1-5



terça-feira, 28 de junho de 2016

Deus é quem determina quem será salvo e quem estará perdido sem razão alguma?


Contrariando uma teologia velha que está querendo voltar à tona, o calvinismo, mais precisamente o hiper-calvinismo, que crê que Deus é quem determina a perdição ou salvação do individuo sem explicação alguma, pois a salvação é um mistério da fé, sendo que Deus enviou Jesus para morrer somente pelos “eleitos” e não por todo o mundo, escrevo este artigo para por a luz da palavra, a sua própria interpretação.

Não creio em interpretações pessoais da bíblia, mas sempre cri que ela mesma tem que nos dá a interpretação de pontos aparentemente conflitantes. Não gosto de me rotular como arminiano ou um calvinista moderado, pois em ambos os modelos doutrinários, há certas coisas que vão além ou ficam aquém de algo que vislumbro nas escrituras.

Pois bem, dito isto, vamos a questão! A final, é Deus quem determina (e predestina) a seu bem querer que está salvo e quem está perdido?

Se a resposta for sim, meu amigo, então pra quê vamos pregar o evangelho!? Outro ponto, se não há possibilidade de salvação para muitos porque Deus determinou isso e quis salvar outros sem explicar o motivo, tudo baseado unicamente no “mistério” da fé, então Deus não pode nos cobrar para não fazermos acepção de pessoas, bem como não poderia dizer que devermos amar nossos inimigos e nem querer-lhes o mau.

Outra coisa, se isso é a base de uma fé, então Deus é o criador do mal, pois foi Ele também que determinou que satanás viesse a pecar.

Facilmente, tais argumentos são colocados contra a parede, entram em colisão com a verdadeira natureza de Deus.

Um ponto que quero levantar e que mesmo o homem estando em pecados, morto para Deus, isso não quer dizer que ele não tenha entendimento do que é certo e errado, afinal, Adão quando comeu do fruto que Deus lhe proibira, tornou-se um conhecedor do bem e do mal.

A TULIP, nos pontos de eleição incondicional, expiação limitada e graça irresistível, destoam daquilo que a bíblia claramente diz, vejamos:

Primeiro ponto é refutado em várias partes, mais vou citar os escritos de Romanos 8:29 e 1 Pedro 1:2, que mostram claramente que a predestinação está baseada no conhecimento prévio de Deus quanto nossas ações. Isso mostra o quão soberano é Deus, que nos deu a escolha após o recebimento do evangelho.

O Espírito Santo nos convence do pecado e da justiça, mas em momento algum vejo ele nos obrigado a aceitar a mudança de vida. Tudo está baseado no ouvir a palavra, ter a consciência do estado em que está, mas o arrependimento é algo pessoal, o que gera a mudança de vida.

Segundo ponto é refutado em diversos textos, mas vou citar João 3:16, 1 Timóteo 2:4 e 2 Pedro 3:9. Ora, a natureza bondosa de Deus quer que todos os homens sejam salvos, por isso Cristo veia ao mundo. Todo aquele que invocar ao Senhor será salvo. Até antes de Cristo vemos essa natureza de Deus (Ezequiel 18:23-32), o desejo do Senhor é que todos venham a aceita-lo.

Muitos dizem que aquilo que Deus deseja não pode ser frustrado. Até certo ponto e com determinado contexto concordo, no entanto vemos que essa crença, em si tratando de conversão e aceitação da palavra de Deus, é claramente destoada com a palavra, como nos textos que nos dão estes exemplos (João 1:11 e Lucas 13:34). Poderia citar mais, mas não quero alongar.

Terceiro ponto, é o da graça irresistível, ou seja, aquele que Deus escolheu, sem razão alguma, não pode resistir a graça.

No entanto, biblicamente falando, tal alegação é refutada. Em Hebreus 10:26-39 vemos claramente o escritor citar alguém que mesmo recebendo a graça, a resiste, e pior, retrocedem. Ora, se há retrocesso, é porque houve algum avançar em Deus.

Outra coisa, vemos sempre que muitos vão se apostatar da fé, ora, não há como alguém se apostatar (afastar-se), se nunca esteve inserido.

Acho interessante o texto em Romanos 11:19-32, que concluiu todo o pensamento de Paulo desde o capítulo 2, ou seja, tudo ocorreu por causa da incredulidade dos judeus, não porque Deus determinou que assim fosse (incrédulos), mas endureceu os corações deles porque deram o motivo. No entanto, até mesmo os gentios, caso não continuem na graça que receberam, podem sofrer o mesmo corte que os judeus sofreram.

Diante disto, podemos concluir que Deus quando salva alguém ou deixa alguém condenado, não nos deixa num mistério da fé, mas somos eleitos com base naquilo que ele encontrou em nossa fé.
A própria palavra “eleição”, muito usada por calvinistas extremistas, denota uma escolha com base em algum elemento, que no caso, é a fé.

Por fim, de maneira alguma isso anula a cruz de Cristo, pois a salvação mesmo tendo essa conotação que mostrei, ainda sim, somos salvamos mediante fé em Cristo, e não em nós, pois mesmo crendo, continuamos pecadores (Romanos 7:14-25) e carecedores da graça de Deus, por isso é tão importante a formação de Cristo em nós, para permanecermos na fé.

Poderia discorrer mais, e até queria isso, mas sei que um texto muito grande com um assunto tão importante, seria li por poucos.


Que o Deus que nos ama, que quer a salvação de todos, que é justo e que com relação a salvação não deixou mistérios, vos abençoe.

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