Macumba evangélica

Não se assuste com o nome, mas defini desta forma por achar semelhanças em determinadas crenças ditas “evangélicas” com crenças da macumbaria.

É assombroso o número de igrejas que tem seguido o exemplo da IURD com seus “passes”. Penso que, com tanta coisa boa para ser seguida, só seguem o que está errado!

Se ligas a TV ou numa rápida navegada na internet, nos deparamos com inúmeros “pastores” que pregam este evangelho misto.

Utilizam “rosa ungida”, “sal grosso”, “patuá”, “martelinho da promessa”, “amuletos de proteção”e outras coisas mais.

É cediço que o maior problema está em transferir à estes objetos o poder divino, ou seja, não é ter Jesus que nos dá o milagre, mas sim temos que possuir um destes objetos ou receber a oração forte deste ou daquele “homem de Deus”.

A base bíblica mais forte utilizada para isto, ou pelo menos se defendem utilizando este texto é o de Atos 19:11-12 que diz: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles e os espíritos malignos saiam”.

Com este texto temos o seguinte acontecimento: Paulo quando pregava, assim como fazia Jesus, também orava por enfermos e endemoniados, como (creio eu) vinham muitos à ele, não dava para orar por todos ou então por ter pessoas que não conseguiram levar os seus parentes ou amigos que necessitavam da oração, ele dava lenços seu e aventais que eram tocados em seu corpo aos mesmos.

Note que estas peças de pano, poderiam ser de Paulo e de pessoas que levavam à ele para o mesmo tocar e passar poder para os tais. Seria hoje em dia como um pastor que dá seu lenço para alguém em meio a oração lhe dizendo para dar o mesmo para um enfermo.

Tal costume não era algo novo, na verdade este costume derivava de um pensamento do povo de Éfeso, eles criam que se pegasse algum objeto de alguém abençoado, tal poder lhes seria transmitido.

Podemos então pensar, ora, Paulo introduziu um costume pagão no evangelho! A reposta será não! Temos que levar em conta a astúcia de Paulo com os costumes daquele povo.

Era um costume, não estava ligado a nenhuma “divindade” idólatra deles, sendo utilizado este costume para ajudar na fé e pregação do evangelho para os gentios daquela região. Vemos algo semelhante com Cristo em Mateus 8:8 onde um centurião rogou por uma pessoa que não estava presente com eles, ao que lançando uma palavra lhe foi curado.

Então você pode me questionar, qual é o problema então atualmente?

É simples, o que acabei de narrar aqui é bem diferente do que vemos hoje em dia.

Paulo nunca disse que o lencinho tinha poder, mas sim ao pregar o evangelho o poder estava tão forte com ele que como uma forma de transmissão, agindo pelo costume daquele povo, agiu desta forma, como a unção por azeite de oliva, não é o azeite que tem poder, mas sim Jesus, o azeite é só um símbolo. No objeto não tem nada, mas a fé da pessoa é simbolizada ali.

Já nos nossos dias, o poder está no objeto, ao ponto que os mesmos são vendidos. Tem o objeto menor e maior, cada um de um preço, sendo que o maior as coisas acontecem mais rápido.

É um absurdo isto. Não há mais um evangelho, mas sim um lugar onde você compra a benção. Tipo, “traz a pessoa amada em três dias (rosa vermelha – R$ 100,00), em 7 dias (rosa branca – R$ 50,00)”.

Vi programas que fazem uma arca miniatura e dizem “nesta arca tem poder”, ou “quem possuir esta arca a sua vida vai mudar”.

Isto é bem diferente do que aconteceu com Paulo. É preciso lembrar que Paulo não pregou assim, mas falava do poder de Deus e de forma intercessória se utilizou de alguns objetos, porém jamais atribuiu força alguma nestes “talismãs”.

É de suma importância fazermos uma comparação com os dois textos citados da bíblia, ambos foram dirigidos à pessoas que não estavam presentes, ambos foram libertos, um teve objeto e o outro teve uma oração a distancia, porém o que fez o milagre foi o poder de Deus.

O que quero dizer é que se alguém pede para mim orar em uma peça de roupa de alguém, oro como sendo um símbolo, sendo que sei que o mesmo ocorreria (milagre) se a pessoa não trouxesse nada, apenas me falasse o nome de alguém.

Concluindo então, não podemos misturar a glória de Deus com objetos, patuás gospel, mandingas evangélicas ou coisas semelhantes a macumbaria. A proteção ou o milagre de Deus não está em “sal grosso” ou “rosas ungidas”, o poder de Deus vem por fé, através da oração.

Se alguém tem transferido a glória do Senhor a estes objetos, sai fora deste tipo de gente.

Para terminar, deixo a referencia de Romanos 1:23, que por analogia podemos dizer que estão fazendo a mesma coisa com a glória do Senhor quando dizem que tais objetos tem poder.

Que Deus vos abençoe e guarde vossa fé, pois muitos têm pregado um falso evangelho.

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